Estandarte
Estandarte
“Batuqueiro, batuqueiro, no baque luanda ou no baque nagô”

 

“Saudando todos os mestres o Caracaxá chegou”
 

Um Caracaxá”, segundo Elisabet Gonçalves Moreira (Membro da Comissão Pernambucana de Folclore), é um tipo de instrumento Indígena que possui um som parecido com um chocalho.

Trata-se de um instrumento que é utilizado por diversos grupos que se utilizam de aspectos da música popular brasileira. No contexto que estamos apresentando – “O Caracaxá” – assume outro significado.

“O Caracaxá” dá nome ao grupo constituído desde o final do ano de 2003 e que vem escrevendo a sua história desde esse momento. A história de um grupo reflete-se em sua memória e por isso, escrevemos esse breve histórico do Caracaxá a partir dos depoimentos de dois de seus principais integrantes: Henrique Barros – da nação de Maracatu de baque virado Porto Rico – e Chico Rojo – da Nação de Maracatu de baque virado Estrela Brilhante do Recife.

O Início:

Bruno Prado, um dos integrantes fundadores do grupo foi convidado por Gilberto Dimenstein (Jornalista), no fim de 2003, para fazer uma apresentação de Maracatu de Baque Virado no “beco do Aprendiz”. Na oportunidade um grupo composto por 12 batuqueiros (Bruno Prado, Chico Rojo, Henrique Caldeira, Gustavo Silviano, André Albuquerque, Ed Carlos da Silva, Gustavo de Souza, Santhiago Villela, Fernanda Alves, Letícia Doretto, Beatriz Evrard, Gustavo Cecci) foi montado para realizar a apresentação. O sucesso do momento levou ao convite para uma nova apresentação na semana seguinte.

O resultado foi que as pessoas que participaram desse time decidiram montar um grupo que trabalhasse exclusivamente com a linguagem do Maracatu de Baque Virado. Até o início de 2004 muitas reuniões nas casas dos integrantes foram realizadas, onde foram discutidos os diferentes aspectos que compõem a pauta de um grupo. Por exemplo, ideal da atividade, cores, figurino, nome do grupo, entre outros.

Cia. descendo a ladeira em Paraisópolis
Cia. descendo a ladeira em Paraisópolis

O ideal inicial, compartilhado por grande parte de seus integrantes, era o de montar uma Companhia (Cia). Inicialmente seria uma companhia de artes que iria se chamar Sábia Laranjeira. Posteriormente, decidiu-se que o nome do grupo seria Cia. Caracaxá.  A idéia de Companhia está em conformidade com um ideal de que o trabalho que realizariam não seria meramente musical, mas sim de maneira aberta e orgânica.

Podemos sugerir uma analogia com a ideia de comunidade de maracatu. Nos Maracatus de Recife, não existe distinção entre aquele que é batuqueiro e aquele que é costureiro do grupo. A Cia. Tem esse princípio, todos fazendo parte de uma coisa só.

A organização de um Maracatu distancia-se da organização, por exemplo, de uma empresa onde as posições são definidas de maneira meramente hierárquica. Mas é importante ressaltar que as atividades realizadas pelo grupo não são exatamente iguais às atividades realizadas por uma Nação de Maracatu.

O Meio:

Passado esse momento, o grupo passou a se firmar no cenário musical paulista e sendo reconhecido até mesmo em outras cidades brasileiras.  A cor escolhida foi o verde e branco e todos os instrumentos do grupo foram pintados dessas cores. Não se sabe ao certo porque essas cores foram escolhidas, mas passaram a caracterizar fortemente o grupo.

Foram realizadas diversas apresentações em eventos, e em comunidades do município de São Paulo. A proposta de trabalho da Cia. divide esses dois momentos: apresentações que garantem a continuidade do trabalho e apresentações que possuem um valor social. A Cia Caracaxá possui como um de seus pilares de sustentação o diálogo constante com as comunidades da cidade de São Paulo.

O grupo passou a ter problemas devido a questões pessoais e disponibilidade de tempo de seus próprios integrantes que, no momento, não conseguiam se dedicar de maneira integral ao trabalho.

Em busca de soluções, primeiramente, sugeriram ensaios quinzenais. E depois convidaram mais pessoas para ingressarem no grupo (Robson Pereira Teixeira, Luiza Gaia, Estevão, Lelo, Carol, Jordana). A Cia. Caracaxá seguia o seu desenvolvimento, mas encontrava certa resistência devido ao número reduzido de seus participantes.

Cia. no CCSP
Cia. no CCSP

No ano de 2006 alguns dos integrantes que tinham um interesse maior em que atividade continuasse decidiram realizar ensaios abertos na Cidade Universitária (Universidade de São Paulo).

Foi um formato de ensaio aceito por todos os integrantes do grupo, pois assim não excluiria ninguém.

E, ao mesmo tempo, o grupo não desapareceria. Os integrantes da Cia poderiam chamar pessoas de fora para participarem dos ensaios. A Cia. Caracaxá continuaria sendo um grupo fechado, mas abrindo os seus ensaios para o resto da sociedade.

A praça do relógio (Cidade Universitária) se tornou o palco para os ensaios do grupo e qualquer pessoa estava apta a participar da atividade. Assumiu, inicialmente, um caráter de transmissão dos conhecimentos do maracatu de baque virado para o público em geral.

No início de 2007, um debate entre os integrantes do grupo decide que a Cia Caracaxá seria um grupo aberto e que teria em sua proposta de trabalho o espelho no trabalho desenvolvido pelas nações de Maracatu de baque virado de Recife.

A proposta de trabalho:

A proposta seria a de não excluir ninguém, e tem como um dos principais propósitos agregar pessoas e trazer coisas boas para as mesmas. Para tal, os integrantes do grupo Caracaxá devem estar comprometidos com o grupo. Em um interesse para que as atividades sejam realizadas coletivamente, e não dependentes do esforço individual de alguns integrantes.  Todas as pessoas que estavam se dedicando aos ensaios abertos seriam consideradas membros da Cia.

Cia. em Paraisópolis
Cia. em Paraisópolis

A Cia. Caracaxá procura reproduzir os baques e levadas dos maracatus de Recife. Cada nação de maracatu possui as suas particularidades para a execução musical, tanto no que se refere a utilização de um ou outro instrumento, quanto aos modos de tocar cada um desses instrumentos.

O conceito levantado pelo Caracaxá é o de tentar reproduzir da forma mais fiel possível esses baques para que não se popularize o maracatu de baque virado fora da cidade de Recife como um só tipo musical, sem que se leve em consideração as peculiaridades de cada nação.

Com esse intuito o grupo já realizou, desde o seu surgimento, diversas oficinas com mestres de maracatus-nação de Recife, com o intuito de ter um contato maior com a linguagem de cada uma dessas Nações.

Dentre estes, podemos citar: Mestre Shacon Vianna da Nação de Maracatu de Baque Virado Porto Rico,  Mestre Walter na Nação de Maracatu de Baque Virado Estrela Brilhante de Recife, Contra-mestre Pitoco da Nação Estrela Brilhante de Recife,  Maurício Soares Baiana Rica da Nação Estrela Brilante do Recife – Dança, Mestre Afonso na Nação de Maracatu de Baque Virado Leão Coroado, Mestre Gilmar da Nação de Maracatu Estrela Brilhante de Igarassu, Mestra Joana da Nação de Maracatu Encanto do Pina e Mestre Toinho da Nação Encanto da Alegria, entre muitos outros.

Agora:

Atualmente , o grupo ensaia todas as quintas-feiras, das 20:00 às 22:00, em espaço cedido em parceria com o Centro de Integração e Cidadania (CIC) do Imigrante, na Rua Barra Funda, 1020.

Texto Elaborado por: Pedro de Cillo Rodrigues, integrante da Cia. Caracaxá!

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